domingo, 24 de janeiro de 2010



- A MULHER CANANÉIA

Essa mulher era grega, portando não fazia parte da raça judaica.
Mas o problema não era só ela ser gentia. Sua situação era totalmente desfavorável. Mesmo que ela fosse judia... ela era uma mulher e as mulheres eram reduzidas a nada (os rabinos chegavam a discutir se as mulheres tinham mesmo alma).
Um escravo ou um menino podia ler a lei nas sinagogas, mas uma mulher não, isso não era permitido nem a uma judia adulta! Mas o Mestre Jesus era diferente! Ele nunca fez acepção de pessoas e muito menos, nunca decepcionou uma mulher!

Para Deus não importava se ela era judia ou não (muitos judeus perderam a salvação e as bênçãos de Deus porque rejeitaram Jesus, e muitos gentios foram salvos porque o reconheceram e aceitaram).
A verdadeira fé pode ás vezes ser encontrada onde menos poderia ser esperada.
A mulher Cananéia não era judia, mas tinha qualidades em sua vida que agradavam a Deus. Ela era humilde e cheia de fé, era uma boa mãe e estava passando por tribulações que a faziam sofrer muito. Sua filha estava sofrendo, mas ela, certamente, sofria muito mais.

Essa mulher estava vivendo um problema muito sério. Não suportava mais ver sua filhinha endemoniada, e estava “horrivelmente endemoniada”, diz a Bíblia. Provavelmente estava com o rosto desfigurado, talvez emitisse ruídos estranhos, podia até dar gargalhadas e ter a voz destorcida... A cena era assustadora e o sofrimento das duas era terrível!
A Bíblia nos diz que ela "... ouvindo falar de Jesus, foi e lançou-se aos Seus pés" (Marcos 7. 25).
Já podemos notar aí os primeiros sinais de humildade, pois ela "lançou-se a Seus pés", não com um espírito altivo, mas fez um pedido com o coração quebrantado, prostrada diante do único que podia ajudá-la.
Ela rogando a Jesus... "Senhor, cura a minha filhinha, pois ela anda atormentada com um demônio! Tem misericórdia dela, Senhor!" E Jesus lhe respondeu assim: "Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos" (v. 27).

"Cachorrinho" era o termo que os judeus usavam para se referir aos gentios, porque consideravam que o povo de outra raça não valia mais que esse animal, em relação as bênçãos de Deus (e ainda desprezavam o “melhor amigo do homem”...).

Possivelmente ela já tinha ouvido essa expressão outras vezes, mas mesmo diante desse argumento de Jesus, ela não se intimidou com a situação aparentemente adversa. Ela não ficou ofendida, não se sentiu discriminada, não fez o papel de vítima, não perdeu o objetivo: Ela foi sensível e, ao mesmo tempo, forte, decidida, ousada. Ela buscava uma benção
e se se deixasse invadir pela raiva a vitória não seria alcançada.
Jesus, mesmo vindo para os seus, os judeus, viu a potência de fé daquela mãe.Ela teve a capacidade de esquecer-se de si mesma, pela sua filha.É bonito ver essa força, essa garra da Cananéia que vai à frente de todos para pedir por sua filha. Ela não desistiu.

O amor de mãe a impulsionou, ativou a sua coragem.
Por que Jesus deu a esta sofrida mulher uma resposta, aparentemente, tão dura?
O termo que Jesus usa neste trecho para "cachorrinhos" não era aquele termo irônico que os judeus geralmente reservavam para os gentios. Pelo contrário, era o termo usado para cãezinhos de estimação, conforme Marcos 7. 28.
Com um espírito de mansidão e humildade no coração e entendendo o que Seu Senhor quis dizer por “cachorrinho”, ela respondeu a Jesus com palavras sábias e doces... "Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa as migalhas dos filhos ( os farelos que as crianças deixam cair no chão, em baixo da mesa)".
Ela disse em outras palavras “prefiro uma migalha do Senhor do que um banquete do diabo”(v.27).
Que resposta sábia! Por causa desta atitude ela moveu o coração de Jesus.
Jesus então lhe disse: "Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas" (Mateus 15. 28).
O Senhor Jesus foi tocado pelo amor de uma mãe desesperada, pela sabedoria de uma mulher virtuosa e pela fé de uma mulher segundo o coração de Deus. Finalmente, depois de ter proferido palavras que mostraram ao Senhor a sua humildade e fé, ouviu de Sua boca: "... “Por causa dessa palavra, vai (para sua casa); o demônio já saiu da tua filha" (v.29).
Com o coração jubiloso e pulsando forte, ela voltou para a sua casa, e certamente correndo, agradecida ao Senhor por ter livrado a sua filha da maldade do capeta.

Se não fosse por essa aflição, com certeza, ela não teria procurado Jesus, e se não fosse pela sua determinação em se fazer ouvir - porque ela não foi bem recebida pelos discípulos, (talvez eles considerassem também que uma habitante da costa de Tiro e Sidom fosse indigna de receber ajuda por parte do Mestre). Os discípulos disseram: “Mande que ela vá andando, porque ela esta irritando a gente com todas as suas queixas”. (v. 23). Mas ela não deu importância aos “bla, bla, blas”, mas adorou o Senhor! (v. 25). Que privilégio ela teve! As circunstancias não a impediram de oferecer adoração a Jesus!

Se ela tivesse desistido poderia ter vivido e morrido sem jamais ter conhecido a Jesus - como tantas outras mulheres da sua época - e ser alcançada com a benção da libertação: ela e sua filha!
Chegando em casa, ela "achou a filha deitada sobre a cama, pois o demônio já tinha saído" (v.30). Glória a Deus!!!

Valeu a pena ser persistente.

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